A seguinte mensagem é a quarta comunicação da série Perguntas
Frequentes em Bioestatística, da autoria de membros do Laboratório de
Bioestatística e Informática Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de
Coimbra. Pretende-se fomentar uma discussão sobre as melhores práticas
estatísticas na área da saúde.
Perguntas frequentes em
bioestatística #4. Que estatística aprendem os alunos
do primeiro ano de Medicina?
Bárbara Oliveiros, Francisco Caramelo e Miguel Patrício
Como parte da cadeira de Biomatemática, lecionada no primeiro semestre do
presente ano letivo (2014-2015), propôs-se aos alunos a realização de um
trabalho de tema livre a ser apresentado na forma de um poster. O peso deste
trabalho na nota final foi de 15%. Pretendeu-se desta forma expôr os alunos do
primeiro ano do Mestrado Integrado em Medicina a dados reais, avaliar as suas capacidades
para aplicar os conhecimentos de estatística adquiridos e incentivar a
aquisição de competências, nomeadamente ao nível da síntese, apresentação e
comunicação de resultados.
Foi sugerido como ponto de partida a consulta das bases de dados públicas
da PORDATA, do Instituto Nacional de Estatística e da Organização Mundial de
Saúde. Os alunos organizaram-se em grupos com 4 ou 5 elementos. Cada um dos 46 grupos
definiu a sua própria questão de investigação. De forma propositadamente vaga, havia-se
pedido apenas aos alunos que escolhessem um tema interessante e que formulassem
uma questão de investigação adequada. Como já discutido antes, o processo de
definição da questão não é isento de dificuldades e o mesmo foi sentido
pelos alunos. Os temas abordados pelos diferentes grupos foram diversos, apesar
de algumas naturais sobreposições. Listam-se de seguida os títulos de alguns
posters, tal como foram propostos pelos alunos. Por uma questão de brevidade,
excluem-se da listagem títulos exprimindo variações do mesmo tema.
* Alzheimer: uma doença sem cura, mas com prevenção
* Intervenções cirúrgicas cardiovasculares, em ambulatório, e a sua relação com o PIB nos países europeus
* Relação entre a classificação final de curso e a do exame de acesso à especialidade, por sexo, no ano de 2007
* Número de obstetras vs. número de partos
* Os países mais ricos têm mais médicos?
* Taxa de nados vivos fora do casamento, região e ano: qual a relação?
* Há relação entre o número de médicos dos países da EU e a respetiva esperança média de vida? (Ano de 2011)
* Cardiologistas vs. morte por Isquémia
* Incidência de todas as formas de TB e prevalência estimada de HIV em adultos com TB nos países SADC
* Impacto da saída de um aluno de casa no seu desempenho académico
* A renovação da população em Portugal: a influência do número de pediatras
* O consumo de antidepressivos é influenciado pelo número de horas de sol?
* Estudo comparativo da evolução do número de médicos por género em Portugal entre 1980 e 2011
* Estará o PIB per capita relacionado com a Esperança média de Vida à Nascença, nos países da União Europeia, entre 2004 e 2012?
* Evolução do número de médicos em Portugal de 1980 a 2011 e relação com o número de matrículas no Ensino Superior
Sensivelmente um mês após o início do trabalho, pediu-se aos membros de
cada grupo que apresentassem, durante 5 minutos, o seu poster. Os mesmos foram
avaliados tendo-se em conta a formulação da questão abordada, o rigor e correção
da análise estatística, a capacidade de síntese e a apresentação e discussão
dos resultados obtidos. Foram ainda valorizadas a organização do poster, a exposição
feita pelos alunos e as respostas aos docentes na consequente discussão .
Os trabalhos que mais se destacaram podem ser visualizados no blog do LBIM (no post imediatamente anterior a este). Estes são uma mostra do trabalho dos
alunos do primeiro ano do Mestrado Integrado em Medicina e uma forma de
diagnosticar o que os mesmos aprendem na Unidade Curricular de Biomatemática.
Na próxima edição do Perguntas Frequentes em Bioestatística: “Qual
é o teste estatístico adequado?”